No recanto das palavras, fica um mundo de sonhos....
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28 de julho de 2013
POEMA SEXAGÉSIMO SEXTO
O amor é um poema. Dói e canta cá dentro. Tem a filosofia das árvores, a
lição do mar, os ensinamentos que as aves recolhem quando migram para
lá dos desertos, de onde hão-de regressar mais sábias e seguras. O amor é
uma causa. Uma luta excessiva com a divindade dos dias e a sua fogueira
obscura. Mas também contra o mistério de si mesmo, uma paz que nos dá o
cansaço e a loucura infeliz da felicidade, esse primitivo terror dos
sinos que tocam como um aviso aos densos nevoeiros súbitos do mar. O
amor é uma casa. Erguida com os beijos, com os versos da noite e o
gemido das estrelas. Casa cujas paredes vestem o nosso júbilo, a nossa
intuição, a nossa vontade, sobretudo o nosso instinto e a nossa
sabedoria. Onde se acende e brilha a luz suplicante da pele comprometida
dos amantes. O amor é um gigantesco pequeno mistério, uma estranha
generosidade que faz com que, quanto mais damos, com mais ficamos para
dar. Só o amor é o elixir da juventude. Não esse que sempre se procurou
nas indecifráveis fórmulas dos antigos livros de magia e de alquimia,
mas aquele que está tão perto de nós que, por vezes o pisamos sem
reparar.