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23 de novembro de 2011




 "ARRUMADINHO"



Sexo e amizade 



Bom, agora é então a minha vez de dizer qualquer coisa sobre o assunto.

Acho que há uma série de variantes quanto a este tema;



Começando pela relação entre os tais "amigos" que numa noite se enrolam e depois voltam à rotina de sempre:

Sinceramente, não acho que depois de uma relação sexual a amizade possa voltar a ser exactamente como era. Podem continuar a ser amigos, podem continuar a gostar de estar juntos, podem continuar a sair como dantes, mas haverá sempre uma tensão, ainda que ligeira, haverá sempre o expecto de que algo poderá voltar a acontecer, haverá sempre na cabeça de um e do outro a dúvida sobre que expectativa é que o outro alimenta quando estão juntos. Isso passará com o tempo, mas se a relação continuar a ser de grande proximidade é normal que paire sempre um grãozinho de incerteza.



Depois há um segundo caso, que é o dos amigos que se enrolam várias vezes:

Aqui, acho que deixam de ser apenas amigos. Os amigos não vão para a cama uns com os outros (e escusam de vir com aquela coisa do "ah, a pessoa com quem durmo é o meu melhor amigo - sim, sim, eu sei, mas não é disso que estamos a falar). Os amantes vão. Os namorados vão. Os casais vão. Os amigos não. E se vão, e se o fazem frequentemente, então, não são só amigos. E quando a relação atinge outro patamar, para lá da amizade, é preciso saber lidar com as consequências disso. E essas consequências são uma incógnita, porque as variáveis são imensas, e estão relacionadas com a cabeça de cada um. Há gente que pura e simplesmente não consegue estar ao pé de alguém com quem já teve sexo, e há outras pessoas que adoram estar ao pé de pessoas com quem foram para a cama, nem que seja pelo sentimento de dominação (isto é comum nos homens). E o que é isto? É aquela coisa do "eu já te fiz isto", "tu já me fizeste isto", ideias que passam pela cabeça de muitos homens quando estão com mulheres com quem já se envolveram. Pode parecer uma coisa um bocadinho infantil - e é - mas, pelo que sei, é muito comum, principalmente nos homens.

 
Os ex-namorados, ex-casos:

Acho que uma amizade com um ex-caso ou ex-namorado é mais fácil de manter quando continuamos solteiros. A amizade e o passado estão circunscritos aos dois, por isso, pode haver saídas, conversas, telefonemas, SMS, cinemas, gargalhadas, copos, que ninguém tem nada a ver com isso, que ninguém tem de se incomodar com isso. Mas quando surge uma terceira pessoa na vida de um dos dois as coisas mudam necessariamente de figura. E até acho que devem mudar, por uma questão de respeito. Conheço para aí três pessoas que não se importam nada que as suas namoradas ou namorados falem à vontade ou conversem ou saiam com ex. Quase ninguém aceita isso de braços abertos. E mesmo que diga que não há problema algum, há sempre ali qualquer coisa a chatear. Por isso, quando um dos amigos que se enrolaram encontra outra pessoa é normal e natural que a tal relação de amizade se altere e se torne mais afastada e menos presente.


Os ex que têm de estar presentes:

Alguns dos comentários falam da necessária relação entre ex-companheiros, quando há filhos em comum. Aí, é bom que haja mesmo a convivência mínima necessária que garanta a felicidade da criança. Uma vez mais, não acho que tenham de ser melhores amigos, que passem a vida em almoços ou jantares comuns, porque sei que isso pode constituir um constrangimento para os eventuais novos parceiros de cada um. Mas uma relação normal e saudável é imprescindível.
Como várias pessoas disseram, acho sobretudo que é uma questão de bom-senso e maturidade. Não só das pessoas, como das relações. O que nos parece insuportável e impensável numa relação com seis meses acaba por perder esse peso ao fim de uns anos. A confiança, a estabilidade, o amor fazem com que algumas inseguranças pareçam um bocadinho menos importantes.




Publicada por: O Arrumadinho
28 de Setembro de 2011

7 de novembro de 2011

O TEU RETRATO





O TEU RETRATO

 
Deus fez a noite com o teu olhar,


Deus fez as ondas com os teus cabelos;


Com a tua coragem fez castelos


Que pôs, como defesa, à beira-mar.


Com um sorriso teu, fez o luar


(Que é sorriso de noite, ao viandante)


E eu que andava pelo mundo, errante,


Já não ando perdido em alto-mar!


Do céu de Portugal fez a tua alma!


E ao ver-te sempre assim, tão pura e calma,


Da minha Noite, eu fiz a Claridade!


Ó meu anjo de luz e de esperança,


Será em ti afinal que descansa


O triste fim da minha mocidade!


António Nobre (1867-1900)
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